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segunda-feira, janeiro 07, 2008

O ID

O sol acorda o dia, deixando-me adormecida sobre o leito de pétalas. O meu corpo, coberto de bruma, é um pedaço de mar, num lago tranquilo que me recebe nesta manhã. A minha alma, escondida em jardim secreto, vai deixando-me assim como se cantasse e minha canção fosse ouvida por todo o universo.
Sinto o frio sutil da brisa da manhã que vem para confortar-me o espírito, enquando sonho, na suavidade deste ninho surreal que me cria o inconsciente.
Dispo-me, peça por peça do pensamento, desnudando meus segredos taciturnos.
Sobrevôo, o lago, quase que numa tentativa de imitar a ave que embeleza os céus com suas asas sublimes. Absorvo a paisagem que a mãe natureza me oferece a contemplar.
O meu Id descortina uma certa intimidade com esse quadro melancólico e fugaz e desperta-me para o que antes fora apenas uma visagem incólume.
Permanecerei ainda por algumas horas neste estado de permanente delírio e auto-conhecimento contudo, mesmo que ao despertar, sentindo-me como andarilho que parte em vão, procurarei ver além destas sensações que agora aturdem meu espírito antigo e abatido pelas agruras do tempo.

Flávia Ferreira

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