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terça-feira, janeiro 08, 2008

RESGATE

E assim vou tentando adivinhar por entre as pedras onde vai dar o caminho.
Vou tentando contornar as dificuldades impostas pelo viver fatigado , querendo não esbarrar, medindo palavras para não magoar.
É que ainda não compreenderam onde termina e onde começa a imensidão...
Ainda não conseguem ver a própria imagem refletida nas superfícies brilhantes e imaginárias.
O que está para lá desta vida é grandioso demais!
Debruço-me sobre os livros, sobre as fórmulas, cálculos e profecias, tentando ler nas entrelinhas. E o que fica é meu passo, largo, pesado, inconstante...
Vou tateando no escuro a procura da luz de um dia qualquer.
procuro na noite e longo é cada segundo arrastado pelo tempo.
Mas ainda me escorre gotas de esperança por entre os dedos, por entre as mãos cálidas,
pálidas.
Talvez prefira que o futuro me venha sozinho, desapercebido...
E as adivinhações por entre as pedras do caminho, podem esperar, não têm mais a importância como numa outra época, passada, distante e esquecida.

Flávia Ferreira

segunda-feira, janeiro 07, 2008

O ID

O sol acorda o dia, deixando-me adormecida sobre o leito de pétalas. O meu corpo, coberto de bruma, é um pedaço de mar, num lago tranquilo que me recebe nesta manhã. A minha alma, escondida em jardim secreto, vai deixando-me assim como se cantasse e minha canção fosse ouvida por todo o universo.
Sinto o frio sutil da brisa da manhã que vem para confortar-me o espírito, enquando sonho, na suavidade deste ninho surreal que me cria o inconsciente.
Dispo-me, peça por peça do pensamento, desnudando meus segredos taciturnos.
Sobrevôo, o lago, quase que numa tentativa de imitar a ave que embeleza os céus com suas asas sublimes. Absorvo a paisagem que a mãe natureza me oferece a contemplar.
O meu Id descortina uma certa intimidade com esse quadro melancólico e fugaz e desperta-me para o que antes fora apenas uma visagem incólume.
Permanecerei ainda por algumas horas neste estado de permanente delírio e auto-conhecimento contudo, mesmo que ao despertar, sentindo-me como andarilho que parte em vão, procurarei ver além destas sensações que agora aturdem meu espírito antigo e abatido pelas agruras do tempo.

Flávia Ferreira