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quinta-feira, novembro 30, 2006

ALMA LAVADA

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Os olhos vagavam, desanimados. Fitavam horizontes que não viam realmente... No asfalto, os pneus lutavam bravamente contra a estrada esburacada e o calor escaldante. Até que, ao longe, o céu foi ficando cinza. Estranhamente, ela gostou destas cores, combinavam com sua alma. Pouco a pouco, tudo foi se transformando, até a monocromia... A chuva manchava o céu, e deixava marcas como arranhões... Acho que ela assim as via, talvez pelos arranhões da vida... A tarde mostrou-se de um frescor adorável e ela foi se aclimatando... O carro, a rodovia, a música, o clima... Seus problemas não foram ficando menores, mas sua compreensão foi ficando maior. Decidiu resolver uma coisa de cada vez. Decidiu esperar que as coisas aconteçam e não sofrer por antecedência. Decidiu que já passou por tantas e tantas e sempre venceu. Esta seria mais uma, apenas mais uma... Sem que percebesse, aquela chuva lavou sua alma. O cheiro de terra molhada misturou-se aos seus pensamentos e, quando o céu voltou a vestir seu azul vida, ela percebeu que estava renovada.


Flávia Ferreira

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