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quinta-feira, novembro 30, 2006

ALMA LAVADA

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Os olhos vagavam, desanimados. Fitavam horizontes que não viam realmente... No asfalto, os pneus lutavam bravamente contra a estrada esburacada e o calor escaldante. Até que, ao longe, o céu foi ficando cinza. Estranhamente, ela gostou destas cores, combinavam com sua alma. Pouco a pouco, tudo foi se transformando, até a monocromia... A chuva manchava o céu, e deixava marcas como arranhões... Acho que ela assim as via, talvez pelos arranhões da vida... A tarde mostrou-se de um frescor adorável e ela foi se aclimatando... O carro, a rodovia, a música, o clima... Seus problemas não foram ficando menores, mas sua compreensão foi ficando maior. Decidiu resolver uma coisa de cada vez. Decidiu esperar que as coisas aconteçam e não sofrer por antecedência. Decidiu que já passou por tantas e tantas e sempre venceu. Esta seria mais uma, apenas mais uma... Sem que percebesse, aquela chuva lavou sua alma. O cheiro de terra molhada misturou-se aos seus pensamentos e, quando o céu voltou a vestir seu azul vida, ela percebeu que estava renovada.


Flávia Ferreira

domingo, novembro 26, 2006

BORBOLETA

Hoje eu queria pintar minhas asas com as cores da alvorada,para que , depois que o dia chegasse, me destacasse ante o azul do infinito manto que inspira os nossos olhares de esperanças.Assim, eu teria asas em tons dourados, e cada raio de sol seria refletido e disseminado em todos os olhares. Sim, porque a beleza que vemos, que percebemos, instala-se de imediato em nossas almas.Queria então tornar-me lenda, pousar em flores exóticas e sorver-lhes o néctar. E a cada vôo, espalhar seu pólen e fecundar os jardins da vida. Delicadamente, tão só e simplesmente suave e etérea...


Flávia Ferreira

sexta-feira, novembro 17, 2006

QUE ASSIM SEJA!

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A grande nuvem negra do medo dissipou, levou consigo seus os trovões e as minhas tormentas.A lembrança agora é cicatriz. É marca, que fica, que existe, pois assim precisava ser. O fantasma paira em algum lugar bem distante, mas eu continuo espantando-o.Os ares de inverno retornam aos meus jardins, ao meu quintal. Mas dentro de meu coração já é primavera. Primavera de flores, de perfumes, de cores vivas.

Tudo porque deixei abertas as janelas e portas da alma e, num pequeno descuido, se instalaram dentro de mim todas as flores do mundo. Meus barcos encontraram seus cais, minhas bússolas errantes apontaram seus nortes. Estou mais centrada e mais certa da infinita grandeza da criação.Não posso ir ainda, sem acabar de viver o que me cabe e agora eu sinto isto mais que nunca.Meus olhos enxergam as velas abertas, o mar calmo. Meus olhos enxergam as cores novas com que pintei meu mundo.Que voltem meus barcos! Que seja primavera em mim!Que assim seja...

Flávia Ferreira

SOBRIEDADE

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É preciso ser inteira
Quando o dia amanhece
O trabalho chama
O tempo urge...
É preciso estar inteira
Quando a canção invade o ar
Quando os olhos se tocam
E as bocas se desejam...
É preciso permanecer inteira
Quando a noite chega
Quando é hora do adeus
E quanto quase tudo está perdido.
Mas é sendo metade
Que o sonho acontece
Que a vida sorri
Que a lua brilha no céu
E é estando metade
Que as cruzadas da vida
Tornam-se mais fáceis
E eu posso brincar em campos de trigo
Correr contra o vento
Driblar o meu tempo...
É permanecendo metade
Que se vê as sombras longilíneas da tarde
As cores do arco-íris
A chuva na montanha
O por –do –sol.
Porque de metades se faz um inteiro,
Estendem-se mais braços e abraços
Abrem-se janelas e cortinas para o sol entrar.

Flávia Ferreira

domingo, novembro 12, 2006

OLHOS DE CHUVA

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Nos olhos apenas a chuva havia.Se ao menos um raio de sol pousasse em seus cabelos despenteados,pudesse, talvez, esboçar um sorriso de despedidaem homenagem ao sentimento partido.Não, não era sonho. Nem ao menos pesadelo.Era a vida cruel e vingativa arrancando-lhe das raízes,devorando-lhe os olhares antigos.Quanto não poderiam falar aqueles olhos castanhos de menina?Quanto não poderiam gritar aqueles olhos anestesiados de chuva?Mas não falaram e não gritaram. Eram olhos muito jovens, cederam então.Seguiram os caminhos traçados por outrem. Obedeceram.Das montanhas de ametistas trouxeram os cristais,dos sonhos desfeitos trouxeram a lua,e da sua vida construíram novos caminhos.Caminhos de estrelas...

Flávia Ferreira

O VENTO

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Caminhava absorta perdida em seus pensamentos quando ele veio ao seu encontro.

Alcançou-a de súbito, enquanto ainda carregava um certo sorriso cúmplice em seus lábios. Não perguntou o porquê deste sorriso nem o que pensava, apenas a envolveu demoradamente com seu abraço que parecia ter quarenta e três mãos.
Ela deixou-se abraçar, levar e quase voar. Abriu suas asas de borboleta para senti-lo mais e então apressou o passo, tornando então aquele abraço real.
Ele passeava por entre seus dedos, pelos seus cabelos soltos, refrescava seu rosto e enchia seus pulmões de vida. E ele lhe contou tantos segredos e lhe falou docemente aos ouvidos, alternando seu som e seus movimentos.
O momento se prolongou e ele foi se despedindo demoradamente, transformando-se em brisa, em beijo, saudade, levando consigo todo o peso dos ombros dela.
O vento arrebatou sua alma naquele dia.

Flávia Ferreira

terça-feira, novembro 07, 2006

Caminhos da vida.


"A cada caminho que percorro acredito que a melhor forma de seguir a vida é acreditar que tudo pode ser transformado, quando a alegria, o carinho e as pessoas verdadeiras estão ao nosso lado."

(Flavio Araujo)

A TRANSPARÊNCIA NA ESCURIDÃO

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Estamos todos sentados sob um facho de Luz, buscando entender por que está escuro. São nossas mentes que remexem nos grandes dicionários de história para pesquisar a palavra "Luz". O propósito fundamental da vida não é apenas sentirmo-nos confortáveis ou seguros. A passagem pela escuridão aparente envolve dor, sofrimento, caos. Parece que muitos de nós ao chegarmos a nosso devido tempo na escuridão, estamos satisfeitos em ficar por lá. Isso ocorre porque estamos amedrontados demais para nos movermos. Acreditamos que se prendermos a respiração e aguentarmos firmes, isso passará.

É preciso que, na jornada de cada alma, haja um momento em que a questão seja levantada: " O que significa tudo isso "? É neste preciso momento que a Luz está disponível. Deste modo, o sofrimento serve a uma causa nobre.

Abraços fraternos.

Flávia Ferreira

A ORAÇÃO


Oração não é súplica.
A súplica nos remove do Deus interior. A verdadeira oração é a comunicação com uma lembrança mais profunda dentro do EU. A nova forma de oração seria amar. Até que nos amemos completamente não podemos lembrar de quem realmente somos. Uma vez que alcançarmos a memória de quem somos a oração tornar-se-á uma conversa entre companheiros em espírito.
Se existe alguma súplica em nossas orações, que ela seja para que os Seres de Luz á nossa volta ajude-nos a libertar-nos de nossas limitantes definições históricas. Peçamos para estarmos tão presentes quanto possível neste momento de eternidade.
Nós não estamos apenas na Eternidade.
Nós somos a Eternidade.

Flávia Ferreira

QUANDO OS ANIMAIS PARTEM...

Os animais chegam a nós como presentes, como pedaços do EU que nós espalhamos ao longo das galáxias. Quando olhamos para qualquer coisa com amor, devemos saber que isso é simples rememoração de nós mesmos. No momento do reconhecimento, nós trazemos aquele pedaço de ilusão de volta á verdade dos nossos próprios corações.
Nós viemos ao planeta Terra para reunir na Unidade a ilusão do EU esfacelado. O amor é a única coisa que pode fazer isso. O que acontece com nossos queridos animais depois da morte?
Eles ronronam, latem ou rugem de volta á Luz.

Beijos carinhosos.

Flávia Ferreira